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Hoje tive um sonho muito estranho.
Sonhei que estava na paragem do autocarro em frente à alfândega à espera do mesmo e lá estava o Marcelo Rebelo de Sousa sentado a comer pipocas vermelhas, também à espera do autocarro.
Agora vamos à parte estranha.
O que raio andava EU a fazer na paragem de autocarro?!
Muito estranho...
E se eu tivesse sido uma menina prendada, se tivesse dado ouvidos à minha tia que nos chamava tanta vez para aprender a bordar e a fazer ponto cruz, hoje faria este Pineapple tão lindo.
Preferiamos saltar para a vinha e usurpar uvas, sempre na esperança de que roubar para comer não era pecado. Saltar para os fardos de erva da lavoura do meu avô, passar o dia num carro avariado do meu tio a viajar por este mundo fora, vestidos a rigor com roupas vindas da América. De lábios pintados com sapatos altos de número 40 e vestidos a cheirar a naftalina, sentados no calhambeque íamos à cidade e ao Canadá no mesmo dia. E quando batia o aborrecimento, sem darem pela nossa falta, lá íamos nós para o calhau, sempre vestidos a rigor e com o termóstato avariado lá dávamos uns mergulhos em pleno mês de Dezembro.
Faziamos grafites com o spray das feridas das vacas. Escrevíamos o nosso nome em letras maiúsculas e quando o meu avô perguntava quem tinha feito tamanha asneira, ficávamos na esperança de que ele acreditasse que tínhamos sido alvo de uma cabala, de um complô.
E a minha tia a insistir para que nos sentássemos um bocadinho, só um bocadinho para aprender ponto cruz. O bicho carpinteiro não deixava, nunca deixou e eu nunca aprendi a fazer ananáses para o dote. Não tive dote, mas tive uma infância tão feliz... Muito feliz!!
Vinte e três dias de Little Pineapple, 23 dias a experimentar calças que não me servem...
Já experimentei todas, as de quando estava muito magra, as quando estava mais ou menos e as que me ficavam largas, mas nunca quis me desfazer delas porque sou garganeira e um dia haviam de me servir, hoje não foi o dia!'
Nada me serve... Oh senhor, que o corpo de sereia já andou.
Ahh e tal que ainda não fez um mês... Tu tiveste um filho, o que é que estavas à espera? Calma que lá para Julho estás nos trinques.
Julho?! Julho??
E até la visto o que??
Depois há pessoas que têm filhas de três kilos e tal e saem da maternidade assim...
De T-Shirt em pleno mês de Fevereiro!!!
Há coisas incríveis nesta terra e uma delas é em pleno século XXI ainda haver as chamadas debutantes, que vem do francês débutante... Chiquérrimo. Tão chiquérrimo que só serve para isto, para ver e ser visto.
Faz-me impressão manter tradições pelo simples facto de ser tradição. Faz-me impressão serem advogados por ser tradição familiar, faz-me impressão os touros de morte só pelo simples facto de ser tradição, faz-me impressão apresentarem as filhas a uma sociedade, sociedade altamente restrita, quando estas mesmas filhas já se fizeram apresentar das mais diversas formas a tooooda a sociedade.
Quer dizer, é uma falta de respeito, a "Sociedade restrita" prepara uma festa tão linda e pomposa, veste-as de comunhão pela terceira vez, fazem ensaiarem a valsa com os pais em troca de una apresentação em primeira mão e as malditas, que só tinham, de esperar até aos quinze anos, já andaram a fazer quilómetros desde os treze... É cuspir no berço de ouro que as criou.
Lembro-me, perfeitamente, do dia em que me deparei com esta realidade e pensei que estivessem a gozar comigo. Não, não pode. Isto existe? Cá?? Nesta nica de terra que ninguém tem onde cair morto?? Julgava eu...
Tinha eu já uns vinte e tantos, quando numa noite de copos e de saída nocturna fui confrontada com miúdas vestidas de segunda comunhão, foragidas de uma tal festa de um tal clube à caça de shots e bebida alcoólica. As moças não podiam consumir álcool na dita festa, porque não é de bom tom. Então desciam as escadas, sorrateiramente, e quando se apanhavam cá fora, entre uns bués e fixes e porras e fodasses lá iam uns shots e uns golos de cerveja...
Eu moça de freguesia, nascida e criada no campo, onde passas uma vida inteira sem saber o sobrenome da maior parte das pessoas que te rodeiam, pelo simples facto de não ser relevante e importante, isto era uma coisa surreal.
Só me lembro de dizer, "Mas o que é isto?? Isto é super Eça de Queirós... Isto ainda existe nos nossos dias?" E lá me explicaram, lá me colocaram a par das tradições da chamada nata micaelense.
Achava estranho saberem os sobrenomes com uma facilidade sem terem de referenciar qualquer tipo de alcunha. Para os meus lados as pessoas são conhecidas pelas suas alcunhas, Ana caga pregos, João cabeça grande, o Artur da loja, o José das ferragens, a Eduarda esfregulha, o António do camião, o cara negra, Guiné, preta, branca e por aí fora. O sobrenome é tão irrelevante que não traz estatuto, ninguém é mais do que ninguém pelo seu sobrenome. São mais do que alguém pelo tamanho da cabeça, das orelhas, por terem um camião, por serem mais morenos ou mais brancos, por trabalharem na loja das ferramentas, ou mercearia... Coisas do campo!!!
As caganças só por cagança, por parecer bonito, porque fica bem, porque é assim ou sempre foi assim, retirando todo o tipo de genuinidade e divertimento à coisa fazem-me uma certa espécie e debutarem filhas nos dias de hoje é como mandarem mensagens de texto para um número fixo... Não faz sentido!!! As raparigas estão mais do que debotadas...
É Natal... Por isso é altura de escrever a carta ao Pai Natal!!
Meu querido Pai Natal, 6 feira dei um pacote de arroz e de esparguete ao banco alimentar, foi sem segundas intenções, mas depois lembrei-me que esta pequena acção pudesse fazer subir a minha pontuação no ranking do Pai Natal.
Eu acredito do fundo, mas mesmo lá do fundo, que nem um membro de Jeová acredita em sangue conspurcado, que quando praticas o bem o universo conspira e devolve-te a dobrar... E a verdade é que depois da doação do arroz e do esparguete,em plena hora de ponta, deram-me passagem para a entrada da rotunda. O que seria no mínimo uma espera de dez a quinze minutos, a lançar palavrões a todo o carro que passasse e fingisse que não me visse, passou a ser espera nenhuma. Disse logo, Ahhhh, Olha o efeito pacote de arroz e esparguete a funcionar de imediato, é que nem deu tempo tempo de desacreditar nesta minha tão fundada teoria.
Por isso Pai Natal vou fazer uma lista, muito bem fundamentada de todos os artigos que preciso. Irei fazer, também, de forma faseada para não o massar muito. O Pai Natal tem ar de quem sofre de tensão alta e uma pessoa o quer resguardar de um eventual stroke.
Meu querido Pai Natal,
sou uma pessoa muito sensível às questões de sustentabilidade económica e ambiental do nosso país. Sei que isso, segundo os novos estatutos, dá mais uns pontos no seu ranking... Não vá, você se esquecer, seu lumbersexual maroto.
Por isso mesmo escolho como primeiro item de grande necessidade, umas Josefinas!!!
As Josefinas servem para calçar pequenos pézinhos sedentos de conforto e calor.
As Josefinas são uma marca portuguesa de sabrinas idealizada por uma jovem arquiteta que desde muito cedo sonhou em criar uma marca de sapatos, Filipa Júlio.
O processo de produção é todo realizado em Portugal, em São João da Madeira, por sapateiros portugueses, mais precisamente, os irmãos João e Carlos.
Empresa portuguesa, criada por uma jovem portuguesa, que dá trabalho a artesãos portugueses... É muito ponto para o meu ranking, não é?!?
Para além disso, relembro-lhe que este artigo é de grande necessidade, chegando mesmo a ser urgente, visto que, vou ser mãe de um lindo rapaz tendo por isso de pôr de lado todos os meus saltos altos, a não ser que queira ser complacente com quedas de ovinhos e alcofas e por consequência, cabeças rachadas... Mas, cada qual dorme com a sua consciência... Senhor Pai Natal!!
Por agora é tudo...
Beijinho grande e faça visitas ao Rodolfo.
Pineapple.
Ontem vi este senhor, que nasceu em Trás-os-Montes e sabe o que é ser pobre e subir na vida, e tenho quase a certeza absoluta de que estes dois senhores, são, de facto, a mesma pessoa.
Nesta nova etapa da minha vida há muita coisa a acontecer a uma velocidade alucinante.
A primeira e mais significativa é ter, pela primeira vez, cinquenta quilos, ou melhor, cinquenta e um. Outra é ter o cabelo a crescer à velocidade da luz, dizem que o complemento de ferro ajuda.
Posto isto, vou ter de fazer um corte significativo, porque não há pachorra para estar na cabeleireira de mês a mês e ando às voltas com o corte que irei adoptar.
Já dei por mim a fazer uma limpeza nas roupas de verão, tops, calções pelas beiras e saias pelas virilhas já levaram chá de sumiço... Vou ser mãe, agora sou uma mulher séria. Uma mulher de respeito. Uma mulher respeitosa dos meus respeitos!!!
O corte de cabelo é um elemento essencialíssimo para esta nova transformação, para esta nova reencarnação.
Há vários tipos de mulher de respeito, logo, há vários tipos de cortes de cabelo.
Corte de cabelo de mulher de respeito n 1:
Temos o corte de mulher de respeito, de mulher altamente profissional, mulher de família, cristã e recatada em que o único show off resume-se à sua vida profissional.
Corte recto, acima do ombro, com franja a ser usada consoante a intensidade de trabalho. Para a frente, para o lado e para o outro.
No entanto, é um corte que requer algum trabalho.
Esta mulher de respeito terá de se deslocar, no mínimo, uma a duas vezes, por semana ao cabeleireiro para esticar e enrolar as pontas.
Corte de cabelo de mulher de respeito n 2:
Um corte curto, supostamente, prático e muito económico no uso de água e shampoo.
O único problema é a manutenção das quedas. É provável que tenha de frequentar a cabeleireira, pelo menos, umas três vezes por semana.
No entanto, se há cabelo de mulher séria é este. Mulher determinda, fada do lar organizada, aprumada e de respeito.
Corte de cabelo mulher de respeito n 3:
Este é o corte de cabelo de mulher séria e de respeito mais seguro do mundo.
A permanente!!
A permanente é o corte de cabelo mais usado pelas mulheres de respeito em todo o mundo, sendo um corte muito popular no século passado.
É o corte mais seguro, porque mesmo que um dia acordes a querer rebeliar-te, a querer ir para as doidices, o mundo nunca te irá responder, serás sempre, sempre, a senhora de permanente.
A tua família agradece a total dedicação...
Corte de cabelo mulher de respeito n 4:
Este é o método tradicional português, usas o cabelo que quiseres desde que o tapes com um respeitoso lenço.
Nao havia mulher de respeito que não o usasse.
Eu como mulher aspirante a mulher de respeito, não querendo aniquilar o meu interesse pelo mundo fashion, estou verdadeiramente, inclinada para este método, visto que a Dolce & Gabbana o pus, novamente, em voga na sua coleção de 2015.
E vocês votam em que penteado??
Luaty Beirão terminou com a sua greve de fome e lá no hospital já todos gritavam:
Quem é que come aqui?!?!?
Ao que todos responderam:
Luaty Beirão!!!
Nasceu um novo herói em Angola, em Portugal e no mundo...
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