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Ponto Cruz

14.03.16

E se eu tivesse sido uma menina prendada, se tivesse dado ouvidos à minha tia que nos chamava tanta vez para aprender a bordar e a fazer ponto cruz, hoje faria este Pineapple tão lindo.

 

Preferiamos saltar para a vinha e usurpar uvas, sempre na esperança de que roubar para comer não era pecado. Saltar para os fardos de erva da lavoura do meu avô, passar o dia num carro avariado do meu tio a viajar por este mundo fora, vestidos a rigor com roupas vindas da América. De lábios pintados com sapatos altos de número 40 e vestidos a cheirar a naftalina, sentados no calhambeque íamos à cidade e ao Canadá no mesmo dia. E quando batia o aborrecimento, sem darem pela nossa falta, lá íamos nós para o calhau, sempre vestidos a rigor e com o termóstato avariado lá dávamos uns mergulhos em pleno mês de Dezembro. 

 

Faziamos grafites com o spray das feridas das vacas. Escrevíamos o nosso nome em letras maiúsculas e quando o meu avô perguntava quem tinha feito tamanha asneira, ficávamos na esperança de que ele acreditasse que tínhamos sido alvo de uma cabala, de um  complô.

 

E a minha tia a insistir para que nos sentássemos um bocadinho, só um bocadinho para aprender ponto cruz. O bicho carpinteiro não deixava, nunca deixou e eu nunca aprendi a fazer ananáses para o dote. Não tive dote, mas tive uma infância tão feliz... Muito feliz!!

 

 

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